Ao se eleger para a Câmara, ele realizou o sonho que o pai tentou

Reeleito no ano passado com 2.008 votos para o segundo mandato na Câmara de Vereadores pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Daniel Diniz herdou do pai, José Darci da Silva Diniz, funcionário aposentado da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o gosto pela política. 

Em 2012, ao se eleger pela primeira vez, realizou o sonho que o pai não conseguiu. Darci tentou a vereança duas vezes, em 1992 e em 1996, pelo PT. Diniz é o 15º parlamentar mais votado entre os 21 da atual legislatura.

Nascido na zona rural de Santa Maria, mudou-se aos 5 anos para Camobi, quando o pai foi trabalhar na UFSM. O primeiro emprego, aos 12 anos, foi como auxiliar de serralheiro em uma metalúrgica do bairro.

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– Tenho orgulho de ter iniciado minha vida profissional como metalúrgico. Cheguei a ser sócio de metalúrgica, mas vendi a minha parte. E tive uma empresa de limpeza, a Camobiense Serviços Manutenção e Limpeza, que vendi quando me elegi – comenta o vereador, que atualmente se define como autônomo.

A relação política com o hoje deputado federal Paulo Pimenta teve início em 1996 na campanha para a prefeitura (veja ao lado). No entanto, a aproximação se estreitou a partir de 1998, ano em que coordenou a campanha de Pimenta à Assembleia Legislativa, na região de Camobi. Foi também o ano em que assinou ficha no PT.

Quando o PT governou a cidade, de 2001 a 2008, com Valdeci Oliveira como prefeito, Diniz ocupou cargos, entre eles o de chefe de limpeza e de coordenador de praças e jardins, até chegar a secretário de Obras e Serviços nos últimos dois anos do mandato do petista. As indicações foram bancadas por Pimenta, que foi vice-prefeito na primeira gestão.

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– Fui chefe de limpeza do Cemitério Ecumênico Municipal. Era eu e 17 apenados para dar conta. Por isso, me indigno com a sujeira dos cemitérios – diz o vereador.

CPI DAS MÁQUINAS

O conhecimento do parque de máquinas o tornou um dos principais críticos e fiscais da situação do maquinário da prefeitura. Mesmo não integrando a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o parque da prefeitura, o petista acompanha as reuniões.

Membro de cinco comissões e de quatro frentes parlamentares, Diniz destaca duas: a Comissão de Constituição e Justiça, Ética e Decoro Parlamentar (CCJ), considerada por ele como a mais importante; e a Comissão Especial que fiscaliza as condições de trabalho de servidores de quatro secretarias municipais.

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MUITAS CIRURGIAS

A vida particular de Diniz, ex-zagueiro do Juventude de Camobi, mudou muito a partir de 2013 por conta de uma diverticulite (inflamação na parede interna do intestino). 

Após dez dias internado em uma clínica, foi levado às pressas para o Hospital de Caridade devido a uma infecção generalizada. Após cirurgia de emergência, ficou mais 40 dias hospitalizado.

De 2013 até 2016,  fez quatro cirurgias, uma por ano, todas elas de alto risco, totalizando cerca de 150 dias de internação. Ele diz que passou doente a campanha de 2016, e faz uma revelação: curou-se no início de 2017, após duas cirurgias espirituais a conselho de um amigo.

– Sempre acreditei em Deus e aprendi a valorizar a vida, dar valor às pequenas coisas, como tomar um copo d´água, tirar fotos – conta Diniz, que aproveita as folgas para curtir a família, em especial a mulher, Lauane, e a filha Manuela, de 10 anos.

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TRIBUNA RÁPIDA

Diário de Santa Maria – O senhor é apontado como o vereador do deputado federal Paulo Pimenta na Câmara. Como começou e como é essa relação entre vocês?

Daniel Diniz – A aproximação com o Pimenta começou em 1996, quando ele foi candidato a vice-prefeito do Renan Kurtz, do PDT. 

Meu pai foi candidato a vereador e fez quase 900 votos, e foi aí que o Pimenta me convidou para seu grupo político. 

Ou era do Valdeci (o então deputado federal e hoje estadual Valdeci Oliveira), ou do Pimenta. 

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Tenho um carinho especial pelo Valdeci por termos sido metalúrgicos. Lembro que houve uma eleição para deputado em que existiam as dobradinhas Valdeci e Tereza Dalmaso, e Marcos Rolim e Pimenta. 

Fiz campanha para o Valdeci e o Pimenta, contrariando a orientação interna das tendências. Um partido que prega a democracia tem que dar liberdade aos filiados.

Diário – O senhor já foi secretário de Obras e no ano passado fez parte da comissão especial que apontou irregularidades no setor, além de estar acompanhando a CPI do parque de máquinas. Que problemas existem no Parque de Máquinas?

Diniz – Problemas sempre existiram. Se o carro da gente estraga, imagina com máquinas que estão na rua todos os dias. O que a gente não pode concordar é com a depenação. 

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Essa é a minha briga como vereador. Por que tirar as rodas de uma máquina se o problema é no motor? 

Por que tirar a lâmina se o problema é outra peça? Hoje,  o Parque de Máquinas está sendo investigado por pressão nossa, pelo sucateamento. 

Não somos contra veículo público ir a leilão, mas é preciso fazer o descarte correto. É como se um paciente fosse para uma cirurgia e voltasse sem cabeça, sem perna.

Não tem como fiscalizar 400 veículos, tem que focar. Por isso, a investigação é sobre três patrolas, um trator de esteira e uma retroescavadeira.

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Diário – Qual sua linha como vereador de oposição?

Diniz – Minha linha com o governo do prefeito Jorge Pozzobom (PSDB) continua sendo a mesma que adotei no governo do então prefeito Cezar Schirmer (PMDB). Não sou de fazer a crítica pela crítica, mas sim de ajudar a prefeitura a corrigir erros. 

Temos exemplos de vereadores que sumiram do mapa por que faziam oposição só pela crítica. Muitas pessoas não entendem porque eu oriento a prefeitura. Meus encaminhamentos são todos discutidos com a comunidade.

Diário - No início do ano, o senhor se envolveu em uma polêmica ao dizer que, se a TV Câmara filmasse tudo o que ocorre no Legislativo, a imagem da casa seria bastante atingida, o que lhe valeu denúncia na Comissão de Ética. O que o senhor quis dizer com isso?

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Diniz - Temos que ter bom senso, não podemos levar tudo a ponta de faca, é preciso paciência e criatividade. A discussão que deu início a tudo foi em relação a uma moção para uma associação de taxistas, a Atasm.

Houve uma discussão desnecessária de outro vereador porque eu teria quebrado o regimento interno ao entregar a moção no corredor. O vereador poderia ter falado noutro local. Mas nos desculpamos e colocamos um ponto final nisso.

Diário – Mas o senhor disse que cobraria explicações sobre questões como a obra da Câmara, entre outras? A TV Câmara deve gravar tudo o que ocorre na Casa?

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Diniz – Continuo dizendo que não se fala mais no sumiço dos celulares. Quanto à obra, fizemos um investimento e ela está parada. Queremos ver quem será responsabilizado. Entendo que a TV Câmara deveria gravar tudo, que bom que todas as reuniões das comissões fossem transmitidas. 

Agora, é claro, tem reuniões que são a portas fechadas, como a escolha do Cidadão Benemérito e do Cidadão Santa-Mariense. É preciso ter bom senso. Quanto ao fato, às declarações, o vereador precisa ter liberdade na tribuna, ele tem imunidade parlamentar. Mas todos os envolvidos se desculparam e o caso foi arquivado.

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DANIEL RANGEL DINIZ

– 37 anos

– Natural de Santa Maria, nascido no Distrito de Pains

– Casado, pai de uma filha de 10 anos

– Autônomo

O vereador Daniel Diniz é o 15º vereador a ser mostrado na série que traz o perfis dos 21 parlamentares da Câmara. A publicação segue a ordem de votação.